Compositor da clássica “Hotel California”, guitarrista fala sobre sua carreira com The Eagles, uma das bandas mais famosas da história

Don Felder | Foto: divulgação

Quantas pessoas têm a prerrogativa de dizer que compuseram a parte instrumental de uma das músicas mais famosas de todos os tempos? Don Felder tem. Afinal, toda a parte instrumental, incluindo o hoje icônico dueto de guitarras no final de “Hotel California”, foi criada por ele. Mas, além disso, ele se encontra como artista solo em uma grande turnê ao lado de Styx e Reo Speedwagon, foi professor de guitarra de Tom Petty e promete um álbum solo para o primeiro trimestre do ano que vem. Para falar sobre isso que batemos um papo agradabilíssimo com ele.

O que acho difícil ao falar com um músico com a sua história é que de cada cinco perguntas que eu fizer, vou deixar de fazer umas cinquenta, mas vamos começar com a “United We Rock Tour”, que tem você, Styx e Reo Speedwagon. Como está sendo esta excursão?
Don Felder: É como uma família em turnê. Todos nós nos conhecemos há décadas. Já tocamos e fizemos turnês juntos. Não há nada de egos ou birras bobas. Jantamos juntos, cantamos nos camarins juntos, é tudo muito divertido. E depois são quase quatro horas de hit atrás de hit das três bandas. Há algumas surpresas que eu não quero revelar, mas são 4 horas de um bom rock’n’roll.

Falemos sobre músicas novas. A última vez que você lançou um álbum de inéditas foi “Road To Forever” em 2012 que teve uma edição com bônus em 2013. Isso ainda é algo que te interessa? Entrar em um estúdio e lançar músicas novas?
Felder: Já tenho sete músicas prontas para um novo álbum, que será lançado, provavelmente, no primeiro trimestre de 2018. Haverá muitos convidados especiais que não posso revelar agora, mas é muito legal trabalhar com pessoas com quem conheço, já fiz turnês, compus, toquei, fiz coisas lá nos anos 1970. É um álbum de rock muito divertido. Vou compor mais cinco músicas e assim que terminar a “United We Rock Tour”, vou finalizá-lo.

O álbum "Hotel California" (1976)

Aconteceu alguma mágica naquela combinação de letras, vocal, música e a parte das guitarras. Nunca tive a abordagem de que precisava fazer outra ‘Hotel California'” – Don Felder

Quando entra em estúdio para fazer um álbum como esse, você olha para sua história e acha que precisa de uma sonoridade igual àquela dos anos 70 ou há certa liberdade?
Felder: Não tento soar como ninguém, só consigo soar como eu mesmo. Há muito de mim naquelas músicas do Eagles, a sonoridade da guitarra. Quando ouvem meu trabalho solo, muita gente diz que poderiam ser do Eagles. Bem, não tem como ser diferente, é o meu som. Uma coisa interessante é ter outras pessoas no álbum, para não soar tudo como eu. Há outros guitarristas, que não posso falar agora quem são, fazendo solos comigo, além de outros vocalistas, ótimos compositores, grandes músicos… É legal entrar no estúdio e ter uma tela em branco. Sentar com alguém, compor uma música, escrever as letras, produzir, gravar e tocar. É muito divertido.

Falando no Eagles, você é o compositor da música de “Hotel California”. Anos atrás, eu falava com Doug Fieger (guitarrista e vocalista) do The Knack e ele me disse que “My Sharona” era um albatroz dourado, no sentido de que ela ficou tão grande que ele nunca conseguia superá-la, mas, ao mesmo tempo, deu a ele sua casa, piscina e tal. É possível uma música ficar grande demais? “Hotel California” é um sucesso tão onipresente que tudo que você fez depois foi comparado a isso?
Felder: Olha, há algo de único em uma música como essa ou qualquer outra que alcance aceitação global, que é muito difícil tentar repetir. Porque você não tentou criar isso da primeira vez, simplesmente aconteceu alguma mágica naquela combinação de letras, vocal, música e a parte das guitarras. Logo, eu nunca tive essa abordagem de que precisava fazer outra “Hotel California”, apenas só compus e gravei as músicas que gostava. Aliás, quando terminamos o álbum “Hotel California” fizemos uma sessão de audição para a gravadora e quando a faixa-título terminou, Don (Henley, vocalista/baterista) disse: “Esse será o single”. Naquela época, em 77, as rádios AM não tocavam nada com duração acima de 3:30 e “Hotel California” tem 6:30, além de não ser dançante ou uma balada típica. É uma música única. Disse a Don que achava que era uma faixa para FM, não era para tocar em rádio AM (N.T.: até 1978, nos EUA, era comercialmente mais interessante tocar em rádios AM; as FMs eram para músicas menos comerciais). Sequer acreditava que ia chegar perto de fazer o sucesso que fez. E, mais uma vez, Don Henley provou que eu estava errado. Ele insistiu que fosse o single e é o que é hoje.

Não dá para discutir que ele tinha razão! Sendo uma música longa, você acha que mudou os rumos do rádio nos EUA? Porque você tem razão, vínhamos dos anos 60 com os Beatles e músicas de dois minutos e meio. Mudou um pouco a indústria e fez as pessoas acharem que agora dava para compor músicas de seis minutos?
Felder: Acho que ela e “Stairway to Heaven”. Os DJs adoraram porque para colocá-las para tocar eles só precisavam falar por alguns segundos para fazer a introdução, colocar e ter um intervalo. Podiam sair para fumar um cigarro, tomar um café, ir ao banheiro… Vendo por esse lado, sim. Eles tinham algo popular, que podiam tocar e era bom para eles, porque podiam levantar da cadeira por um tempo. Acho que tudo isso contribuiu para mudar o formato do rádio.

Don Felder | Foto: divulgação

Com Crosby & Nash eu recebia 1.500 dólares por semana, o que em 1974 era muito dinheiro. E eu não sabia quanto tempo esse lance do Eagles ia funcionar” – Don Felder

Certamente, mudou. Falando sobre mudar o curso da história, você conheceu Bernie Leadon (guitarrista e integrante fundador do Eagles), mas como isso impactou sua carreira? Digo isso porque ele meio que o arrastou para a Califórnia e o resto é história…
Felder: Sim, tínhamos uma banda no colegial. Na verdade, ele substituiu Stephen Stills na minha banda. Stephen e eu tínhamos essa banda desde os 14, 15 anos e ele foi para a Califórnia e Bernie apareceu um mês depois e pegou o lugar dele. Ficamos muito amigos e ele era um mestre de country/bluegrass. Tocava banjo de 5 cordas, mandolin, pedal-steel guitar, violão flat top. Eu nem conhecia esses instrumentos, só a guitarra tradicional. Aí fomos até uma loja, eu comprei um violão e ele uma guitarra e começamos a tocar juntos nessa banda de bluegrass. Nós nos influenciamos. Conheci country/bluegrass através dele e ele começou a tocar rock através de mim. Então ele foi para a Califórnia e não parava de ligar para mim dizendo que era lá que os negócios da música aconteciam. Eu estava trabalhando com música na Flórida, em Nova York, Boston, tocando em álbuns e bandas. Finalmente ele me convenceu a mudar para Los Angeles. Quando cheguei lá, dormi no chão da casa dele até que ele saiu em uma turnê e eu encontrei um apartamento. Ele foi não só um grande amigo, mas uma pessoa que me ajudou e apoiou muito em me guiar para que tivesse a oportunidade de ser notado no negócio da música.

Uma das maiores oportunidades com certeza foi trabalhar com Graham Nash e David Crosby no início dos anos 70. Saindo dos anos 60, eles eram mais ou menos uma versão americana dos Beatles, pelo menos em termos de respeitabilidade. Conte sobre conseguir essa oportunidade e a decisão de se juntar ao Eagles, que ainda não estava estabelecido. Isso foi uma aposta para você?
Felder: Sim. Assim que cheguei a LA um dos primeiros trabalhos que tive com uma banda foi com um artista folk e ele havia composto uma música chamada “Outlaw Man”. Seu nome era David Blue e essa música, inclusive, acabou no álbum “Desperado”, do Eagles. Graham havia produzido o álbum solo dele e nesse disco, David Lindley, que é um músico maravilhoso, havia tocado guitarra, guitarra slide, mandolin, para embelezar o que David estava fazendo. Assim, Graham queria que David Blue abrisse a turnê do Crosby & Nash e me contrataram para tocar as partes de Lindley e contratam Lindley para tocar com Crosby & Nash. Estávamos na estrada e eu assistia ao show de Crosby & Nash toda noite, porque era espetacular, os vocais e as músicas. Aí, David Lindley ficou doente e Graham me chamou no quarto dele e mandou levar a guitarra. Cheguei lá e ele me disse que eu teria que tocar com eles naquela noite porque Lindey estava sem condições. Sentei lá e repassamos todas as músicas. Eu aprendi as músicas só de ter assistido! Toquei o show de David Blue e depois o de Crosby & Nash e obtivemos uma reação tão positiva que eles mandaram David Lindley de volta para casa no dia seguinte, porque continuava mal, e eu fui muito bem. Acabei fazendo aquela turnê inteira com eles, fazendo os dois shows. Depois, sempre que Crosby & Nash saíam em turnê eles me contratavam. Aí recebi um telefonema de Glenn (Frey, guitarrista e vocalista do Eagles) para tocar guitarra slide em “Good Day In Hell”. Fui lá como se fosse uma sessão qualquer. Bernie estava lá, eu já conhecia todo mundo, já éramos amigos e tínhamos feito algumas jams juntos. Tocamos a música, gravamos, acho que todo o processo levou umas duas horas. Fui para casa e no dia seguinte recebi uma ligação de Glenn me pedindo para entrar na banda. Já havia anos que eu ouvia de Bernie sobre as dificuldades, turbulências e as discussões que eles estavam passando e que todo dia alguém saía da banda. Eu era casado e minha esposa estava grávida, prestes a ter nosso primeiro filho. Com Crosby & Nash eu recebia 1.500 dólares por semana, o que em 1974 era muito dinheiro. E eu não sabia quanto tempo esse lance do Eagles ia funcionar. Será que seria só um mês? Fui perguntar a Graham Nash o que eu deveria fazer. E ele disse que eu devia entrar na banda, porque era excelente e eu não ia querer ser um músico de apoio a minha vida inteira. Entrei na banda e o resto é história.

Depois que saiu do Eagles no início dos anos 1980, você se concentrou na sua vida familiar, mas também trabalhou para o cinema. Por que não formou logo uma nova banda naquela época? Você tinha nome, fama, era um cara procurado… Lançou um álbum, mas ficou como um músico de estúdio e fazendo músicas para trilhas sonoras.
Felder: Queria ficar em casa. Meus filhos cresceram os primeiros seis ou sete anos da vida deles sem pai e eu queria ser o técnico de futebol, dirigir o trailer, ser uma cara doméstico, estar presente para os meu filhos. Não queria voltar para a estrada. É muito difícil quando se tem filhos pequenos. Naquela época não tinha Facetime nem sequer fax. Você tinha que ligar e se alguém atendesse, podia falar com ele ou, se de repente eles ligassem no seu quarto de hotel e por acaso você estivesse lá, podia falar com eles. A comunicação era péssima. Então, queria mesmo ficar em casa e escolhi não formar uma banda e cair na estrada. Apesar de meu empresário insistir para que eu fizesse isso depois que “Heavy Metal” saiu [N.T.: o filme Heavy Metal é uma animação lançada em 1981 e que tem na trilha sonora as músicas “Heavy Metal (Takin’ A Ride)” e “All Of You” de Don Felder, além de bandas como Black Sabbath, Sammy Hagar, Trust, Cheap Trick, Blue Öyster Cult, entre outras], eu não queria. Agora que meus filhos cresceram e eles mesmos têm filhos, estou livre para sair, tocar e trabalhar o quanto eu quiser. E eu adoro fazer isso.

Don Felder e sua Les Paul | Foto: divulgação

Os momentos mais icônicos, como os solos em ‘One Of These Nights’ e ‘Hotel California’ foram feitos na minha Les Paul ’59” – Don Felder

Devo dizer que é muito respeitoso colocar a família em primeiro lugar. Muita gente vai só atrás da mansão, da fama e de glória e, às vezes, esquece a família. Vamos falar sobre “The Long Run”, o álbum após “Hotel California”, que foi um grande sucesso comercial. Acredita que foi um sucesso em termos musicais? Você estava feliz com ele, já que obteve algumas críticas duras, além da comparação com o anterior?
Felder: Foi um sofrimento. A composição foi realmente difícil, já que todos tinham “Hotel California” como padrão. Compor, tocar e gravar tão bem, senão melhor, do que aquilo; e se tornou muito difícil. Havia tanta pressão com aquele álbum seguinte que chegou a um ponto que Glenn saiu. Ele só cantava em uma música no álbum, chamada “Teenage Jail” que era tão distante de um hit que ele ficou tão chateado que pegou um avião em Miami de volta para LA. Finalmente, com a ajuda de Bob Seger, conseguimos compor “Heartache Toninght”, mas até ali estava complicado, Glenn estava insano. Foi muito difícil ser criativo, espontâneo e livre e havia um clima pesado na coisa toda. Veja até na arte da capa, é como se fosse um “Black Album”. É um período obscuro para nós e até aonde a gente sabia, talvez fosse o final de toda aquela trajetória. A nossa havia sido uma “Long Run” (N.T.: trajetória longa) comparada com a de outras bandas que tem apenas uma música de sucesso, mas do jeito que ia, não sabíamos se continuaríamos por mais um ano. Acho que musicalmente, o álbum tem algumas ótimas músicas, mas não há o mesmo entusiasmo e a liberdade criativa que tivemos em “Hotel California”, principalmente por causa da pressão. É como quando você assiste a um filme bom, mas a sequência não tem a mesma qualidade. É assim que vejo “The Long Run”.

Sim, é difícil levar aquele momentum adiante. Vamos falar sobre Tom Petty, pois quando ele morava em Gainesville, na Flórida, você foi professor de guitarra dele.
Felder: Sim, eu trabalhava em uma pequena loja de instrumentos lá chamada Lipham Music e Tom foi lá um dia. Na época, ele tocava baixo em uma banda chamada The Epics. Achei sensacional que ele estivesse usando a palavra Epic em um nome de banda quarenta, cinquenta anos antes disso ser redescoberto. Hoje em dia tudo é épico, faixa épica, solo épico. Toda vez que ouço essa palavra lembro da banda dele. Enfim, ele queria mesmo era tocar guitarra, porque era mais fácil para compor. Começou a fazer aulas comigo e eu o ajudei em vários ensaios da banda dele. Eles tinham dois guitarristas que só ficavam “fritando” sem a menor noção. Não sabiam quando fazer a base e o solo, e que o guitarrista não podia solar quando o vocalista estava cantando. Eu os ajudei com esse tipo de arranjo. Já naquela época, Tom tinha uma grande presença de palco, ele te convencia que o que quer que estivesse fazendo era real só pela sua atitude. Era tão comprometido, tão forte e confiante que todo mundo se convencia. E acho que até hoje é assim, quando ele entra no palco com aquele olhar no rosto e toca. É um grande compositor, nunca se tornou um virtuoso, assim como eu, mas acho que aprendeu bem como escrever músicas.

É, me parece que ele está se saindo bem. Desde o comecinho da sua carreira você é um cara de guitarras Gibson. Aliás, em 2010 eles lançaram a “Hotel California Gibson EDS-1275” em sua homenagem. O que na Gibson o atraiu em termos de timbre, facilidade para tocar… Por que ser um cara da Gibson? Por que esse comprometimento com a marca?
Felder: Eu toco com várias marcas. Toco Gibson, Fender, Gretsch, Guild, Taylor. Tenho perto de 300 guitarras na minha coleção. Mas a que mais usei em estúdio em álbuns do Eagles é a Les Paul. Usei Telecasters, Straps, Gretschs e tudo quanto é tipo em álbuns. Mas os momentos mais icônicos, como os solos em “One Of These Nights” e “Hotel California” foram feitos na minha Les Paul ’59 original. Tinha um tipo de som que parecia ressoar quando Joe (Walsh, guitarrista) tocava uma Telecaster ou uma Strap, eu uma Les Paul e Glenn tocava sua Les Paul Special. Era uma combinação muito legal de separação de timbres. Dava para ouvir claramente cada parte de guitarra em vez de uma grande mistura. Então acabei sendo cara da Les Paul. Mas Joe também tocou Les Paul, eu toquei Stratocaster, porque mudando as guitarras dava também para mudar a sonoridade.

The Eagles por volta de 1977: Don Henley, Joe Walsh, Randy Meisner, Glenn Frey e Don Felder | Foto: divulgação

Foi mais ou menos a primeira fusão ‘country rock’ e hoje tudo o que você ouve vindo de Nashville soa de uma forma ou outra como álbuns do Eagles” – Don Felder

Sua autobiografia, “Heaven and Hell: My Life in The Eagles”, saiu em 2008. Foi difícil escrever esse livro? Olhando hoje, o que foi aquilo para você, realmente uma catarse?
Felder: Isso nunca começou com a intenção de ser um livro. Eu repeti o primeiro ano do ensino médio em inglês e tive que fazer aula de inglês nas férias de verão para poder passar para o segundo ano. Logo, a última coisa que imaginei foi que me tornaria um escritor publicado. Mas quando saí do Eagles e me divorciei da minha esposa após um casamento de 29 anos no mesmo período de um ano, tudo que eu sabia sobre a minha vida mudou. Minha banda, meus negócios, a empresa da qual era dono um terço, minha rotina de turnê, tudo isso se foi. Minha esposa, minha família, meu lar, tudo. Então, era hora de eu me acalmar. Comecei com uma série de meditações diárias toda manhã, por 30 minutos. Meditava sobre um ponto específico da minha vida. Desde a minha infância, quando comecei a tocar e como meus pais me encorajaram. Tudo o que aconteceu. E quando saía dessas meditações, escrevia a mão em um bloco de notas, todas as lembranças e insights que tinha. Logo começaram a se empilhar na minha mesa. E sem eu saber, minha noiva na época entrou onde eu estava e começou a ler essas coisas. Ela disse que isso dava um grande livro. Eu falei que não, que não era escritor, mas ela insistiu que a história era ótima e me apresentou um cara chamado Michael Ovitz que é bem famoso no ramo de entretenimento em Hollywood. Ele tinha um departamento literário em sua organização na época e a hora que eu vi estava em uma avião indo para Nova York com meu agente literário. Não tínhamos sequer escrito um livro, tínhamos uma sinopse de duas páginas explicando sobre o que seria o livro. Tive cinco reuniões lá com cinco editoras e no avião de volta eu tinha cinco ofertas diferentes para publicação. E eu nem havia decidido ainda se queria publicar ou não. Depois de pensar sobre isso, achei que seria uma forma bem legal de expor toda minha vida, não só a parte do Eagles. Transcrevi todas as notas para o computador, tinha um editor na editora com quem decidi trabalhar e ele me ajudou a arredondar as coisas. Fiz várias revisões para me certificar que as coisas estavam corretas cronológica e legalmente. Finalmente, decidi que a história era boa, que tenho orgulho da minha vida com todas as falhas e virtudes e aí publiquei. Acabou na lista de mais vendidos do New York Times. Jamais pensei que um aluno que repetira em inglês no primeiro colegial ia conseguir isso!

Imagino que deve ter sido uma sensação boa, colocar tudo isso para fora.
Felder: Foi muito catártico.

“Their Greatest Hits 1971-1975” é um dos álbuns mais vendidos de todos os tempos. O que o Eagles, essas músicas e essa coletânea possuem que significa tanto para pessoas no mundo inteiro?
Felder: Acho que musicalmente foi a primeira ponte entre o country antigo e o rock’n’roll dos anos 60 e início dos anos 70. Foi mais ou menos a primeira fusão “country rock” e hoje tudo o que você ouve vindo de Nashville (N.T.: cidade do estado americano de Tennessee, considerada a meca da música country) soa de uma forma ou outra como álbuns do Eagles. Foi uma nova abordagem na composição e gravação e uma combinação feliz entre country e rock. Eu me lembro de ver o Eagles antes de eu entrar na banda, logo após o primeiro álbum, e eles estavam abrindo para o Yes. Eles usavam chapéus de caubói e calças jeans bocas de sino. Don (Henley, baterista/vocalista) usava um chapéu preto no palco. Era realmente country rock e eu não entendia porque eles estavam abrindo para o Yes, uma banda inglesa que fazia um tipo de música totalmente diferente. Mas funcionou, eles chamaram a atenção e as pessoas adoraram.

Colocando de lado todos os processos e absurdos, olhando hoje, você tem orgulho do que alcançou com o Eagles ou é só arrependimento atrás de arrependimento?
Felder: Não, acho que o Eagles foi uma combinação mágica de talento, criatividade, composição, vocais, partes de guitarra, arranjos, produção, gravação, engenharia de som, incluindo Bill Szymczyk, e todos os diferentes integrantes da banda: Bernie, Randy (Meisner, baixista e vocalista), Timothy Schmit (baixista e vocalista, que substituiu Randy Meisner), Joe Walsh… Todas as formações tinham alguma mágica. Para mim, acho que quando Joe substituiu Bernie, houve uma mudança ali de country para algo mais rock com “Hotel California”. Foi a minha predileta, algo especial.

Don Felder | Foto: divulgação
Don Felder | Foto: divulgação

Transcrito e traduzido por Carlo Antico.

Rock Talk with Mitch Lafon
The Secret Society 300

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