Cockney Rejects: punk rock como veículo de expressão e diversão

Tradicional banda inglesa se apresentará em São Paulo, garantindo diversão e energia de sobra

Cockney Rejects preparado para a 3ª visita ao Brasil | Foto: divulgação
Cockney Rejects preparado para a 3ª visita ao Brasil | Foto: divulgação

Formada no final dos anos 1970, a Cockney Rejects surgiu dentro do punk pelas mãos dos irmãos Jeff e Mick Geggus. Inicialmente apenas para se divertir, os ingleses acabaram revolucionando, ainda que não propositalmente, sendo considerados um dos principais responsáveis, graças à música “Oi! Oi! Oi!”, por uma nova vertente no punk. O termo é emprestado dessa música para batizar a variação que ficou conhecida como “Oi!” dentro do cenário musical. Na entrevista a seguir, os irmãos Geggus (com Jeff sendo também conhecido como Jeff Turner ou “Stinky” Turner) falam um pouco sobre como veem a banda ao longo dessas quase quatro décadas de estrada.

Vocês se lembram, em 1979, o momento em que resolveram criar a Cockney Rejects? De onde veio a ideia?
Mick Geggus: A ideia veio de uma mistura de punk, hard rock e futebol. Nós amamos as três coisas, então decidimos incorporar isso numa banda. Como um bando de garotos da classe trabalhadora que eram frequentemente rejeitados pela sociedade daquele tempo, Cockney Rejects pareceu um nome perfeito! (N.R.: “Cockney” é uma designação histórico-cultural que se refere a pessoas nascidas na região conhecida como East End, Leste de Londres. O termo traz uma forte carga pejorativa ao longo da história da cidade, sendo seus habitantes identificados negativamente por sua origem, hábitos e até sotaque. Naturalmente, muitos nascidos na região passaram a ostentar o termo com orgulho para rebater o preconceito.)
Jeff Geddus: Não tivemos que pensar muito para chegar a este nome. Obviamente, meu irmão e eu somos “cockneys” e nos sentíamos sempre rejeitados. Juntar as duas coisas e nos tornarmos os “Cockney Rejects” foi fácil!

Em seus primeiros anos dentro da cena rock, como os punks os receberam entre eles? E como isso funciona hoje?
Mick: Os punks pareciam adorar e como nós muitas vezes entrávamos no território hard rock em um estágio inicial (com coisas como “The Rocker”), o público hard rock também parecia adorar. Hoje em dia nós temos fãs de todos os gêneros musicais em nossos shows. No final, tudo se resume à música com guitarra pesada.
Jeff: Não tínhamos uma base de fãs de punk no comecinho, pois naquela época eles estavam mais ligados em nomes como Adam and the Ants. Nosso público era, em grande parte, composto de amigos, o West Ham ICF, pugilistas e ladrões. Éramos totalmente diferentes de qualquer outra banda, mas abraçamos todas as raças, culturas e subculturas. Os punks sempre foram bons conosco, embora o estilo inicial não fosse exatamente dentro dos padrões.

Cockney Rejects detonando ao vivo | Foto: divulgação
Cockney Rejects detonando ao vivo | Foto: divulgação

Você já se sentiu desconfortável com as divisões musicais dentro do punk rock? Acha que o impacto dos subgêneros é mais positivo ou negativo na música punk?
Mick: Nós não nos preocupamos com o que os outros estão fazendo. O Cockney Rejects é uma entidade à parte.
Jeff: Acho que subculturas dentro do punk rock é algo bom. Nos shows temos todo o tipo de público, como punks, os mais casuais, skins, metalheads e muitos outros. A música deve ser sempre acolhedora para todos.

Vocês falam de política, futebol – a banda tem muito orgulho em torcer pelo West Ham United e ao menos dois de vocês foram boxeadores. Não é nenhum segredo o que acontecia em alguns shows nos primeiros anos em relação a futebol e boxe: brigas na plateia e até momentos em que vocês mesmos tiveram que se defender. A despeito de motivações, há algum episódio em particular (ou mais de um) que vocês olham e pensam “Nossa, foi louco e perigoso, mas foi incrível”? Ou mesmo o oposto, algum episódio que vocês verdadeiramente se arrependem?
Mick: Apesar de cantarmos sobre futebol e sobre nosso cotidiano nas ruas, nós nunca escrevemos letras ou demos entrevistas sobre política. Nós somos uma banda que está lá para entreter o público. Há política demais no meio musical hoje em dia, em nossa opinião. Sobre os velhos tempos e a gangue ligada à violência, nós éramos jovens, idiotas e cheios de testosterona naquela época, assim como eram as gangues rivais que enfrentávamos. Nós temos arrependimento, mas foi assim que as coisas aconteceram naquela época e estão firmemente no passado. Estamos aqui pelo nosso público hoje em dia. Queremos celebrar juntos!
Jeff: Nunca quisemos violência, inclusive em nossos shows no início de carreira, mas era algo que não dava para ser evitado. Éramos West Ham, não dávamos a mínima e o problema estava no nosso caminho. Se você fala, tem que fazer. Os boneheads da direita tinham destruído o Sham 69, arruinando os shows deles enquanto Jimmy Pursey gritava como um bebê. Nos certificamos que isso não iria acontecer conosco. Para ser honesto, uma grande parte de mim adorou fazer isso!

Como vê a posição do Cockney Rejects e sua importância na dinâmica social?
Mick: Somos pessoas da classe trabalhadora e adoramos rock’n’roll e futebol. Como disse antes, em nossa opinião, existe muita política na música. Ficamos fora disso por 40 anos e não vamos nos envolver com isso agora.
Jeff: Não tenho tempo para política e políticos. A meu ver, a política não mudou e não vejo isso como algo relevante no Cockney Rejects.empo para política e políticos. A meu ver, a política não mudou e não vejo isso como algo relevante no Cockney Rejects.

"Vai ser uma festa", disse Mick sobre os próximos shows no Brasil | Foto: divulgação
"Vai ser uma festa", disse Mick sobre os próximos shows no Brasil | Foto: divulgação

Quando você ouve o material hoje em dia, quais são as maiores diferenças em sua música comparando todos os discos? Existe um favorito?
Mick: Gosto de todos, mas acho que meus favoritos são “Greatest Hits Vol. 1” e “The Wild Ones”.
Jeff: Eu não ouço muito os álbuns que fiz, mas diria que o nosso primeiro álbum e “East End Babylon” são os meus favoritos. O que menos me identifico talvez seja “Out of the Gutter”; são muitas músicas e não é consistente o suficiente.

O que acha do punk rock hoje em dia? Vocês ouvem bandas novas?
Mick: Eu não ouço muitas bandas hoje em dia, mas desejo a todas essas jovens bandas o melhor e que tenham muito sucesso no futuro.
Jeff: Sempre fui influenciado por nomes como Led Zeppelin, Black Sabbath, Hendrix, Queen, Rolling Stones e muitos outros. O Sex Pistols eram tão novos e apresentavam algo tão legal que, quando os ouvi pela primeira vez, me influenciou muito. Não ouço muitas novas bandas hoje em dia, meu amor reside mesmo no rock. Acho que o punk está acabado na Inglaterra, não existe mais demanda, mas em outros países parece ser bem melhor.

Apenas para terminar: vocês tocarão em São Paulo, em 30 de abril. O que você sabe sobre a cena rock local? Conhece ou se lembra de algum banda da cidade? E há algo que gostaria de dizer aos fãs brasileiros?
Mick: Nós tocamos em São Paulo duas vezes antes e ambas as ocasiões foram fantásticas. Temos um laço muito forte com o povo brasileiro e mal podemos esperar para ver vocês todos novamente no dia 30 de abril. Vai ser uma festa. VAMOS!
Jeff: A cena punk de São Paulo me parece estar bem viva. Eu conheço o Olho Seco, Ratos de Porão e Sindicato Oi. São bandas muito boas e fazem algo bem próprio. Eu gostaria de dizer a todos os brasileiros que forem para os nossos shows que desejo que realmente gostem. Não damos nada menos que 100% e nos sentimos honrados em tocar nesse país tão legal! Agradeço muito.

Tony Van Frater, Jeff Turner, Andrew Laing e Mick Geggus | Foto: divulgação
Tony Van Frater, Jeff Turner, Andrew Laing e Mick Geggus | Foto: divulgação

N.R.: Após a realização dessa entrevista, a bandou compartilhou na sua página oficial no Facebook uma música composta para homenagear a Associação Chapecoense de Futebol. Segue abaixo.

Shows do Cockney Rejects no Brasil:

28/04: Jokers Pub – Curitiba, Brasil
29/04: Festival Abril Pro Rock – Recife, Brasil
30/04: Clash Club – São Paulo, Brasil

Serviço São Paulo
Banda de abertura: The Beber’s Operário, Faca Preta e Dj Eduardo Focka
Data: domingo, 30 de abril de 2017
Local: Clash Club
End: Rua Barra Funda, 969 (próximo ao Metrô Palmeiras-BarraFunda)
Hora: 19h (abertura da casa)
Evento Facebook: www.facebook.com/events/176721312824047
Classificação etária: 16 anos
Capacidade: 800 lugares
Duração: Aproximadamente 90 minutos
Estacionamento: nas imediações (sem convênio)
Estrutura: ar condicionado, acesso para deficientes e área para fumantes

Setores e preços
Pista – R$ 80 (1º lote – Meia entrada/Estudante/Promocional*)
Pista – R$ 100 (2º lote – Meia entrada/Estudante/Promocional*)
Porta – $120 (Meia entrada/Estudante/Promocional*)
Camarote Antecipado – $130,00 (Meia entrada/Estudante/Promocional*)
Camarote Porta – $160,00 (Meia entrada/Estudante/Promocional*)
*doe um kilo de alimento na entrada da casa no dia do evento e pague meia-entrada

Compra pela internet: ticketbrasil.com.br/show/4840-cockneyrejects-saopaulo-sp

Pontos de venda:
Galeria do Rock – Loja 255 (11 3361-6951) e Loja Consulado do Rock (11 3221-8344)
Galeria Presidente – London Calling Discos (11 3223-5300)
Santo André – Metal CDs: R. Dona Elisa Fláquer, 184 – Centro (11 4994-7565)
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