Apesar de muitos projetos, vocalista e personalidade do wrestling quer dar prioridade à sua banda

Fozzy | Foto: Adrienne Beacco

Chris Jericho é um homem ocupado. Dono de uma rede de podcasts, a Jericho Network, ainda envolvido em várias frentes, seja com luta-livre (wrestling) ou atuando como escritor e empresário. Porém, decidiu que sua a banda, Fozzy, será sua prioridade. O grupo, que começou como uma brincadeira, hoje chega ao seu sétimo álbum de estúdio e, segundo o vocalista, no melhor momento da carreira. O ROCKARAMA bateu um papo com Jericho, que falou sobre a banda, sobre os obstáculos que teve de superar e também abordou a sua ética de trabalho.

Poder fazer meu podcast em seu site fez toda diferença em termos de visibilidade. Sou só um “nerd” de rock e o fato de poder curtir uma noite ao lado do Scorpions por causa do meu trabalho é muito bem vindo…
Chris Jericho: Esse é o bom de ter um podcast com algum apoio por trás. Isso abre portas. As pessoas estão entendendo como podcasts são importantes. Agora o que importa não é mais o quanto sua música toca no rádio como nos anos 1980 e 90 e, sim, entrevistas mais longas. E acho que se você tiver o cara certo conduzindo essas entrevistas, aí os artistas irão querer fazê-las. Eu recebi várias pessoas diferentes desde que comecei o “Talk Is Jericho” (N.T.: podcast de Chris Jericho), que vêm de todas as formas de entretenimento e foram as melhores que já fiz na vida. Quando se consegue uma reputação, realmente várias portas se abrem. Ano passado, o Scorpions pagou minha viagem para Las Vegas para que pudessem participar do “Talk Is Jericho”. A parte de mim que ainda tem 14 anos achou isso inacreditável!

Chris Jericho exibindo o cinturão da WWE United States | Foto: divulgação

Eu não me contenho. Quando eu entro em alguma empreitada, sempre olho antes quem é o melhor de todos (…) A PodcastOne é a maior empresa de podcasts do mundo” – Chris Jericho

E o legal desse formato é que quando eles dão entrevistas para grandes redes de TV como CNN ou Fox, são só aqueles três minutos; que funcionam para esses veículos, mas como fãs queremos entrar nas mentes e nas histórias deles.
Jericho: Mesmo como artista, nosso álbum está prestes a sair, meu livro também foi lançado e você faz uma tour pelas rádios, mas em duas horas você tenta ir a quantas áreas forem possíveis, fazendo de cinco a sete minutos de entrevistas para ir a dez diferentes mercados em uma hora. E, basicamente, toda vez você responde a mesma pergunta. Tem alguma pequena variação aqui e ali, mas é muito chato. É muito mais legal ter a chance de falar sobre algo que nunca falou e ter uma outra relação com o público. E isso é o legal de um podcast! E quando alguém quer fazer um podcast de 10, 15 ou 20 minutos é porque o assessor de imprensa não entende os benefícios e o alcance de uma entrevista mais longa.

No meu caso, alguns sites que utilizam as entrevistas nunca pegam os primeiros cinco minutos, que é quando pergunto sobre o novo álbum. Eles preferem os últimos vinte minutos ou meia hora quando acontecem as maiores revelações.
Jericho: Isso é porque você vai se sentindo mais confortável. Se é alguém que você percebe que pode confiar e já tem um legado, você se abre um pouco mais. Eu me lembro quando recebi Slash no meu, muito antes da reunião do Guns N’Roses. Eu nem ia falar sobre a banda na entrevista porque não me importava, apesar de todas as outras pessoas se importarem. Falamos sobre dinossauros, filmes de terror, Rolling Stones. Aí, quando já tínhamos uns 45 minutos de entrevista, ele mencionou que o Guns havia aberto para os Stones em 1989 e ficou vinte minutos contando sobre a briga que teve com Axl (Rose) no palco em um dos shows. Ele jamais teria contado essa história se eu tivesse aberto a entrevista com o Guns N’Roses, mas como estávamos batendo um papo, a conversa naturalmente chegou ali. E aí tive o Slash falando sobre o assunto. Essa é a beleza do conforto que a mídia do podcast proporciona.

Para finalizar esse assunto, uma coisa é você ter um podcast como o seu; outra totalmente diferente é montar uma rede de podcasts com apresentadores diferentes, fazendo coisas diferentes. Por que você resolveu encarar esse desafio? Por que não ficar apenas com o “Talk Is Jericho”?
Jericho: Pois é, eu não me contenho. Quando eu entro em alguma empreitada, sempre olho antes quem é o melhor de todos. Nesse caso era Adam Carolla (N.T.: comediante americano que o podcast entrou para o “Guiness: o livro dos recordes” em 2011 como o mais baixado da história). Comecei a analisar o modelo de negócio que ele tinha, como administrava, conduzia seu programa e vi que uma das coisas que ele tinha era sua própria rede de podcasts. Então, se ele tinha uma rede própria, eu queria uma também. No início, meu chefe me deu permissão para ir atrás disso, mas acho que foi mais porque ele pensou que era para aplacar meu ego, mas eu sabia que não estava fazendo isso para mim, mas para muita gente que existia e que seriam ótimos tendo um podcast e não teriam uma chance na PodcastOne para fazê-lo. A PodcastOne é a maior empresa de podcasts do mundo, então não dá para aparecer na porta, dizer que quer um podcast e achar que eles vão te dar. Você tem que ter alguma notoriedade. Eu sabia que alguns caras que eu sugerisse não iam ter isso e seria um problema para eles aceitarem. Agora, se eu tivesse minha própria rede… Em linhas gerais, é como quando você ouve que a banda tem seu próprio selo ou um carimbo, melhor dizendo. Aí, a banda pode trazer outras para o selo, mas lançar através da Sony. E é isso que eu faço com a minha rede. Muitos shows dela você não ouviria, porque muitos teriam dificuldade de gerar renda num mercado tão inflado com esse tipo de mídia. Mas agora há uma associação das marcas. E foi por isso. Eu já tinha um de luta-livre, um de paranormalidade, um de cultura pop e queria um de música. E enquanto isso eu já ouvia o seu, por isso eu nem precisei pensar em quem convidar. Deu certo e aqui estamos nós.

‘Judas’, o single, nunca esteve numa posição tão alta nas paradas, chegando perto do Top 10, e conseguir isso é muito difícil. Dez milhões de visualizações no YouTube” – Chris Jericho

Vamos falar agora sobre seu livro, “No Is a Four Letter Word: How I Failed In Spelling But Succeeded In Life”, porque ele fala sobre essa sua ética de trabalho. O que acha dele e qual a diferença para os três anteriores? Porque você escreveu três autobiografias e esse é diferente.
Jericho: Sim, e a razão para isso foi exatamente o que você disse. Eu senti, assim como você, que apesar de ter muitas histórias interessantes para contar, o mundo não precisava de quatro autobiografias de Chris Jericho em dez anos. Nem queria mais escrever, não tinha mais o que dizer, mas me perguntam com frequência como tive sucesso na luta-livre e na música, como eu faço tudo que eu faço e comecei a pensar sobre isso. E eu tenho uns princípios pelos quais eu vivo que são umas regras que peguei de celebridades, membros da família, amigos, personagens fictícios e tudo mais e desenvolvi os 20 princípios que utilizei para ser bem sucedido na minha vida. Vai de David Bowie que usa o princípio de sempre se reinventar, passando pelo de Gene Simmons de sempre se vestir como uma estrela até a ética de trabalho duro de Vince McMahon (N.T.: presidente da WWE, empresa americana que controla a luta-livre no mundo). Não é física quântica, mas quando se lê essas coisas pequenas todas juntas em apenas um lugar, você percebe um padrão. São um conjunto especial de regras que funciona para qualquer pessoa, desde um jornalista até um farmacêutico. Ele se tornou mais um livro de autoajuda do que uma autobiografia. Eu ainda amarrei com algumas histórias que tivessem a ver com os princípios e foi muito bem sucedido. Dobrou as vendas do meu último livro.

Você mencionou Gene Simmons e acredito que para nós dois, o Kiss é mais do que uma banda. Eles têm uma ética de trabalho que já demonstraram várias vezes, se reinventam e ainda têm o marketing. É algo que vai além de apenas tocar. Quais lições tirou deles? Fale também sobre o fato de Paul Stanley ter escrito o prefácio. Você falou sobre sua parte que ainda tem 14 anos achar inacreditável o convite do Scorpions, como ela ficou com isso?
Jericho: Isso é bem legal, porque meio que fecha o ciclo. Toda minha existência profissional é baseada naquela frase que Paul Stanley diz no documentário “The Decline of Western Civilization pt.2: The Metal Years” (1988) enquanto está na cama cercado de todas aquelas mulheres: “As únicas pessoas que lhe dirão que algo é impossível, são aquelas que tentaram e falharam. Eu não vou dizer que você não pode fazer algo, porque se eu fiz, você pode fazer.” E quando ele disse isso, para mim, com 16 anos, ele estava falando comigo. E eu sempre adorei luta-livre, mas era e ainda sou muito mais fascinado por música. Aí eu pensei que seria legal eu ter uma banda e ser um lutador de luta-livre, e decidi fazer ambos. Só que eu tinha dezesseis anos e morava em Winnipeg (CAN), não tinha nada lá, não havia internet na época. Como me tornar um lutador de luta-livre? Eu tinha uma banda desde os 13 anos, mas o que era necessário fazer para uma banda rock conseguir sair de Winnipeg? Só que em vez de ficar pensando sobre essas coisas, resolvi encontrar uma escola de luta-livre e continuar tocando e gravando com a minha banda. E desde o início percebi que muita gente não gostou da minha ideia de fazer as duas coisas. E eu pensava? Que diabos vocês têm a ver com o que eu quero fazer da minha vida? Essa atitude vem do Kiss, sempre foi assim: acredite em você, vá lá e faça. Não se importe com o que qualquer pessoa vá dizer. Adorei o fato de Gene Simmons vender sua caixa por 2 mil dólares. É o preço, se você gosta, pague, se não, tchau. E isso, mais do que qualquer outra coisa, me ajudou a ser bem sucedido: Eu não ligo para sua opinião sobre o que eu faço da minha vida. Não ligo mesmo. Se você for assim, isso lhe dá autoconfiança e uma vez que você tem isso, pode alcançar qualquer coisa.

Falemos agora sobre o Fozzy e o novo álbum, “Judas”. Ele acabou de ser lançado, mas vocês começaram a divulgação em maio. Qual foi o plano?
Jericho: Eu adoraria poder dizer que tudo isso foi planejado, mas o que aconteceu é que lançamos o single em maio porque era para o álbum sair em agosto. Mas, o que aconteceu foi que, como é típico em uma banda de rock, ele não estava pronto, finalizado ou do jeito que a gente queria. Quando achamos que estava pronto, a data mais próxima era 15 de outubro. E “Judas”, o single, nunca esteve numa posição tão alta nas paradas, chegando perto do Top 10, e conseguir isso é muito difícil. Dez milhões de visualizações no YouTube, as vendas não ficam abaixo de um certo número desde que o lançamos. Já chegamos a quase 100 mil singles vendidos, o que é uma loucura nessa era atual. É Disco de Ouro nos EUA. A questão é que não havia como prever essa ascensão de “Judas”. Ela está se tornando nossa “Enter Sandman”. É a música que está abrindo portas que sempre estiveram fechadas ao Fozzy no passado. Várias pessoas que jamais ligaram para nós, agora estão nos dando oportunidades. Chegamos ao ponto das pessoas esperarem por nossa próxima música e pelo nosso álbum. Acho que se o single não tivesse saído tão antes, não teria tempo de subir assim nas paradas, logo, olhando agora, o timing foi perfeito.

Fozzy | Foto: divulgação

Acho que o rock’n’roll precisa de uma banda de rock, formada por rockstars. Queremos que as pessoas se divirtam, nós os respeitamos e não nos levamos muito a sério, no bom sentido” – Chris Jericho

Há um novo single que acabou de ser lançado, “Drinkin’ With Jesus”. A letra fala sobre beber sozinho e aproveitar a presença do Senhor consumindo alguns coquetéis. No passado, você falou em entrevistas como chegou a olhar para Deus através do heavy metal dos anos 1980, com Stryper e Barren Cross. Mas, pelo menos até onde eu sei, você nunca veio a público para dizer que todos devem ir à igreja. Como é essa ligação e qual a importância de demonstrar a fé em uma música?
Jericho: O interessante é que escolhi essa música para ser o segundo single porque é bem diferente do heavy metal típico de “Judas”. “Drinkin’ With Jesus” é mais obscura e não tem guitarras porque não se precisa delas. Eu não gostava dela e jamais comporia uma faixa com esse título. Isso foi ideia de nosso produtor, Johnny Andrews. E o refrão diz: “Fucked up and drinkin’ with Jesus” (N.T.: “Todo fodido e bebendo com Jesus”)… Então, parece uma música religiosa, mas não é. Acho que é mais uma metáfora. Eu sempre escrevi todas as letras dos álbuns, mas nesse com a presença de Johnny, foi algo como quando o Metallica trabalhou com Bob Rock ou Kiss com Bob Ezrin. No início, a sensação era de que havia um estranho nos dizendo o que fazer, mas Rich (Ward, guitarra) e eu tomamos a decisão de usarmos um produtor de fora da banda e ouvir as decisões dele, inclusive no que diz respeito à composição. Algumas músicas são minhas, outras de Johnny e outras de Rich, mas agora são todas do Fozzy. É uma maneira totalmente nova de pensar para nós nesse ponto da nossa carreira. E, sim, eu era um grande fã de metal cristão dos anos 1980.

Vamos voltar ao início do Fozzy. Vocês aparecem com o nome de Fozzy Osbourne, tocando covers apenas para se divertir. Os dois primeiros álbuns, “Fozzy” (2000) e “Happenstance” (2002) têm vários covers. Quando perceberam que a coisa era para valer e era hora de se tornar uma banda de verdade? Não que não fosse antes, mas…
Jericho: Eu entendo o que você quer dizer. A formação original do Fozzy fazia algo muito similar com o que o Steel Panther faz hoje em dia. Aliás, quando vejo isso hoje, acho que se tivéssemos continuado seríamos tão grandes quanto o Steel Panther! (risos) Mas há dois Fozzy diferentes, assim como há dois Pantera diferentes. O primeiro estava mais para uma coisa no estilo Priest/Van Halen e depois que Phil Anselmo entrou, tornou-se a banda que conhecemos e gostamos. O Fozzy foi igual. Começamos por diversão, Rich e eu tocávamos covers. Porém, como estavam na banda Rich, que era do Stuck Mojo, e eu, lutador da WWE, houve várias ofertas de gravadoras para nos contratarem. Fomos contratados por Johnny Zazula, que acho que qualquer fã de metal sabe que foi o cara que contratou Metallica, Anthrax e várias outras. Ele nos contratou em 2000, como uma banda cover que achou genial. Acho que pensou em algo como Blues Brothers, Traveling Wilburys ou Spinal Tap, com alter ego e tal. Mas o que aconteceu foi que fomos convidados para participar do programa de Howard Stern, na época em que ele fazia a batalha das bandas de celebridades. Ele alegava que a banda de celebridades dele era melhor que qualquer outra do tipo no mundo. Fomos lá e detonamos! O próprio Howard disse que matamos a banda dele e que não ia fazer isso de novo, mas como o programa era dele, eles iam ganhar a batalha. E foi aí que percebemos que dava para fazer algo com isso. Rich e eu temos ótima química e nos divertimos, o que é importante. Aí gravamos o “All That Remains” (2005) e depois da turnê houve um intervalo de quatro anos, em que muitas coisas aconteceram. Rich e eu nos reunimos em 2009 e resolvemos ir com tudo e fazer disso nossa prioridade. Aí é que considero que começou a versão verdadeira do Fozzy, com o álbum “Chasing the Grail”. E dá para ver como a banda cresceu nos últimos sete anos. Somos pequenos em um lugar enorme, mas estamos chegando lá. Acho que o rock’n’roll precisa de uma banda de rock, formada por rockstars. Queremos que as pessoas se divirtam, nós os respeitamos e não nos levamos muito a sério, no bom sentido.

Vamos falar sobre “All That Remains”. Em 2005 chegou um álbum na minha mesa com o aviso de que era para ouvir porque iria querer entrevistar o líder da banda. Quando li o release, vi a palavra “wrestler” (N.T.: lutador de luta livre, em inglês). Então, fui checar álbuns gravados por pessoas ligadas a luta livre, como Junkyard Dog e Jimmy Hart. Achei que aquilo devia ser uma brincadeira, mas acabamos fazendo a entrevista depois que ouvi o álbum. Foi difícil superar esse tipo de preconceito de que era só uma piada?
Jericho: Nós fizemos tudo errado para conseguir sucesso numa banda de rock e, mesmo assim, aqui estamos com uma das músicas mais tocadas no país e uma turnê com shows lotados. Começamos com um documentário falso, usando pseudônimos, o nome Fozzy e um lutador na banda. Não era para durar um dia. Mas, 17 anos depois, somos maiores do que nunca. Em primeiro lugar, Fozzy é um nome que tem muito mais personalidade do que Walls Of Jericho ou qualquer coisa assim. Ele chama atenção para o bem ou para o mal. Se pensarmos ao vivo, é o nome mais fácil de se gritar em um show. Isso é uma vantagem. Se você olhar na história, são poucos os nomes realmente legais de banda. Anthrax, Slayer… Agora, veja um nome como Def Leppard. A imagem é de um leopardo que não consegue ouvir. Poderia se chamar Sick Cougar (N.T.: Puma Doente). Ou um nome como Korn. Mesmo que seja com “K”, é a mesma coisa que colocar o nome de “Karrot” (N.T.: cenoura). Metallica, Kiss, The Beatles, Red Hot Chili Peppers e Black Eyed Peas são todos nomes meio bobos, mas e daí? Depois que está associado a uma banda não tem mais problema. Fozzy é o nosso nome, é fácil de falar, se destaca e há uma marca por trás dele. Mas com relação a ser lutador, tive que trabalhar duas vezes mais duro para conseguir o respeito, cantar melhor que todos os outros. Mas me vejo na mesma situação de Jared Leto do 30 Seconds to Mars que ganhou um Oscar e foi fazer um show solo esgotado no Hollywood Bowl. Dá para fazer, é só não ligar para o que os outros falam. No fim das contas, a música é boa ou ruim. Depois de um tempo, quem está na banda não importa mais. Hoje gostam do fato de eu ser um frontman. Então, depois que você passa o primeiro obstáculo, não importa mais tanto, mas demorou um tempo para conseguir respeito.

Fozzy - Judas

Nesse álbum, tentamos fazer algo como ‘Hysteria’ (Def Leppard), ‘Appetite For Destruction’ (Guns N’Roses) ou ‘Kick’, do INXS. Era para ter single atrás de single” – Chris Jericho

O que eu gosto na sua atitude é que todas as resenhas de “All That Remains” menosprezaram você e isso o motivou a mostrar o que tem capacidade de fazer.
Jericho: Alguns críticos gostaram. Martin Poppof no Canadá, Malcolm Dome na Inglaterra, alguns jornalistas gostaram muito. Mas foram os músicos que mais ajudaram. Quando fizemos os press-releases, mandei o álbum para todos os amigos que fiz durante esses anos Michael Sweet (Stryper), Zakk Wylde, Miles Kennedy (Alter Bridge), Charlie Benante (Anthrax) e pedi para que falassem algo. Fiquei com um release repleto de frases positivas sobre ele desses grandes nomes. E a razão para isso é que a banda é muito boa. Rich é um grande guitarrista, Paul foi baixista de Billy Joel e hoje está ainda melhor. Foi por isso que conquistamos respeito. E temos a mesma ideia quando se trata de presença de palco: nós somos o show. Não temos aranhas penduradas no teto ou estátuas gigantes atrás da gente. Temos essa energia que passa para o público. Então, todos esses elementos nos ajudam a superar o obstáculo do histórico de lutador.

O “Rock & Wrestling: The Rager At Sea” que acontecerá entre os dias 27 e 31 de outubro do ano que vem? Como será esse cruzeiro que está organizando? Porque existem todo os outros cruzeiros de Classic Rock, o Kiss Kruise e o seu é similar, mas diferente. Como vem sendo essa empreitada?
Jericho: Como disse antes, às vezes eu não me seguro. Quando coloco uma ideia na cabeça que sei que vai funcionar, eu vou e faço, independentemente de qualquer coisa. Nós participamos do Kiss Kruise e quando voltamos estávamos muito empolgados com tudo que o envolve. Eu liguei para o meu manager e disse que queria fazer um cruzeiro de rock e luta-livre. Eu achava que podia dar certo. E como você disse, há muitos cruzeiros de rock, mas nenhum de luta-livre. E eu queria fazer as lutas no navio, em alto-mar, assim como o Kiss toca no mar, o navio não atraca em lugar nenhum. Então, comecei a conversar com as pessoas que cuidam da promoção do Kiss Kruise e depois de várias reuniões, tudo deu certo. Haverá lutadores que estão no Hall da Fama da luta livre. Já com relação às bandas, a quantidade de dinheiro que elas querem para participar de um cruzeiro é astronômica. Tipo 200 mil dólares para uma banda que se for tocar na sua cidade leva um público de 500 pessoas. Achei isso um absurdo e resolvi reconfigurar essa parte. Coloquei o Fozzy como banda principal, Kyng e Phil Campbell & The Bastard Sons, que são basicamente a continuação do legado de Lemmy. Coloquei também uns shows de stand-up comedy e teremos uma festa. Quero que se torne um evento anual, assim como o do Kiss.

Qual o próximo passo com relação ao álbum? Você pensa em fazer umas duas semanas e depois já voltar para o estúdio para fazer o próximo, ou está com tantos outros projetos que vai dar um tempo?
Jericho: Não, o Fozzy é a prioridade. Vejo muita possibilidade para o crescimento da banda. Uma coisa muito legal é que apesar de todos os elogios que a música “Judas” vem recebendo, ela não foi uma escolha unânime dentro da banda para ser o single. Alguns acharam que “Painless” seria melhor. Outros acharam “Elevator” ou “Weight of My World”. A questão é que “Judas” abriu tantas portas que agora nos tornamos uma “sensação de um dia para o outro que demorou dezessete anos para acontecer”. Nesse álbum, tentamos fazer algo como “Hysteria” (Def Leppard), “Appetite For Destruction” (Guns N’Roses) ou “Kick” do INXS. Era para ter single atrás de single. E as rádios de rock ainda têm muita audiência e influência. Pensamos em fazer um álbum com cinco músicas de sucesso. Nem sei se isso é possível, com as gravadoras do modo que estão, mas vamos pelo menos ter a opção. Tentamos compor 11 singles e não seguimos nenhuma fórmula, somos bem diversificados. As músicas são bem diferentes umas das outras e soam bem em estúdio e ao vivo. Sim, queremos ficar em turnê pelo tempo que for possível e fazermos tudo da nossa maneira. É a nossa hora de irmos para o próximo nível e continuarmos lá!

Fozzy: Paul Di Leo, Frank Fontsere, Chris Jericho, Rich "The Duke" Ward e Billy Grey | Foto: Adrienne Beacco
Fozzy: Paul Di Leo, Frank Fontsere, Chris Jericho, Rich "The Duke" Ward e Billy Grey | Foto: Adrienne Beacco

Transcrito e traduzido por Carlo Antico.

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