Diretor da Ubisoft na América Latina fala sobre as principais novidades da empresa, que prometem movimentar o mercado dos games no Brasil e no mundo

Bertrand Chaverot, diretor da Ubisoft para a América Latina | Foto: Ricardo Campos
Bertrand Chaverot, diretor da Ubisoft para a América Latina | Foto: Ricardo Campos

Bertrand Chaverot, nome de peso na Ubisoft, dirige o mercado latino-americano, um dos principais para a gigante francesa dos videogames. Em uma parceria que já dura décadas, esse executivo consegue sintetizar com maestria a filosofia da empresa, com visão de mercado, produtos de vanguarda e proximidade com o consumidor. Durante a Brasil Game Show, ele nos contou detalhes sobre os principais lançamentos da Ubisoft, como “Assassin’s Creed Origins”, “South Park: The Fractured but Whole”, “Far Cry 5” e “Just Dance 2018”, além de grandes promessas para bombar em 2018, como “Skull & Bones” e “The Crew 2”, e o mercado de games no Brasil.

Assassin's Creed Origins | Imagem: divulgação - Ubisoft

Desde o início, o propósito do Assassin’s Creed era ser um jogo com muita ação, mas também com conteúdo, pois sempre visitou um momento icônico da história da humanidade” – Bertrand Chaverot

Comecemos falando sobre os novos lançamentos. “Assassin’s Creed Origins” chega logo ao mercado e mostra as origens da luta entre os Assassinos e os Templários. Além de gráficos fantásticos, a jogabilidade única da série, creio que explorar o antigo Egito e até mesmo o futuro modo “Discovery Tour by Assassin’s Creed: Ancient Egypt”, sejam coisas muito cativantes para os fãs. Como você tem sentido a resposta dos fãs para a expectativa desse novo período de tempo que a série visitará?
Bertrand Chaverot: Esse novo modo sempre foi um sonho do time. Desde o início, o propósito do “Assassin’s Creed” era ser um jogo com muita ação, mas também com conteúdo, pois sempre visitou um momento icônico da história da humanidade, com personagens históricos reais. Um retrato muito rico de aspectos como economia, religião e cultura. Com o “Discovery Tour”, oferecemos ao público uma ferramenta para quem não quer jogar, como por exemplo um outro membro da família, e fazemos uso de uma super inteligência artificial que aborda tudo, desde o clima até o dia-a-dia. Será uma experiência nova, um novo paradigma.

O próprio mundo aberto do jogo em si é maravilhoso, com uma riqueza incrível de detalhes.
Bertrand: É lindo, dá vontade de passar o tempo explorando. Acho que essa é a primeira vez que um videogame irá realmente competir com filmes e seriados, em um nível mais amplo no ponto de vista do público alvo. Muitos jogadores já passam mais tempo com o videogame do que televisão e cinema, mas ainda existem seriados muito bons, como o “Game of Thrones”, que valem a pena ser vistos. Porém, muitos outros não conseguirão competir com uma aventura interativa como essa, com esse nível gráfico e de riqueza, de interações dentro da história principal. No passado, os primeiros jogos nesse estilo mundo aberto não eram tão cativantes como agora, com esse novo ritmo, como também acontece no “Far Cry 5”.

Sim. Sou da época anterior ao 8-bits e subsequente, tempo que em passávamos horas e horas em um jogo, curtindo tudo o que podia oferecer. Daí um tempo, percebi que os jovens estavam mais interessados em apenas terminar o desafio e passar para o próximo jogo, sem experimentar tudo o que o mesmo poderia oferecer. Parece que a coisa está invertendo novamente e há um grande investimento num longo gameplay.
Bertrand: Sim, e hoje em dia os jogos são muito caros para serem desenvolvidos. O “Far Cry 5”, por exemplo, custou mais de 100 milhões de euros para ficar pronto, então temos que fazer bom uso desse dinheiro para as pessoas, tanto do jogo em si quanto dos conteúdos adicionais que chegarão. Dessa forma mantemos a comunidade jogando. Se você olhar bem, tudo que a Ubisoft lançou nos últimos anos em termos de conceito, é impressionante, como “Watch Dogs” e “Watch Dogs 2”, “Tom Clancy’s Ghost Recon Wildlands”, “For Honor”, os “Assassin’s Creed”, o “Far Cry Primal”… Todos esses jogos. Hoje a Ubisoft é a principal empresa com jogos no conceito de mundo aberto. Tivemos, sim, problemas, como no “Assassin’s Creed Unity” ou os servidores do “Tom Clancy’s Rainbow Six”, ou ainda na versão para PC de “For Honor”. O aprendizado é constante e estamos na vanguarda, pois não são muitas as empresas como a Ubisoft, que trabalham o mundo aberto com inteligência artificial para um volume grande de jogadores.

South Park: A Fenda que Abunda Força | Imagem: divulgação - Ubisoft

Nesse jogo, Trey Parker e Matt Stone, criadores do South Park, se envolveram totalmente no desenvolvimento. Isso foi muito legal” – Bertrand Chaverot

Outro game que logo chega ao mercado é “South Park: The Fractured but Whole”. Ele é a sequência para “South Park: The Stick of Truth”, mas apresenta novidades em termos de mecânica e jogabilidade. Os fãs terão uma experiência ainda mais divertida nesse novo episódio?
Bertrand: Sim, no Brasil traduzimos o título para “South Park: A Fenda que Abunda Força”. A primeira diferença é que nesse jogo, Trey Parker e Matt Stone, criadores do “South Park”, se envolveram totalmente no desenvolvimento. Isso foi muito legal. Eles gostaram muito do primeiro, que não era perfeito mas muito bom e um grande sucesso. Neste novo eles decidiram se unir a nós. Outra coisa legal é que temos todas as vozes originais das dublagens no Brasil. Além disso, o jogo é maior, mais duro e mais intenso.

Mais polêmico.
Bertrand: Sim, o intenso. A série em si é uma animação forte.

Totalmente de acordo com o formato de humor da série em si. E já repercute com o fato da dificuldade variar de acordo com a cor da pele que o jogador escolhe.
Bertrand: O jogo se torna mais difícil. Reflete a realidade e é genial. É um videogame e de humor, mas possui mensagens adultas. O envolvimento do Matt e o Trey contribuíram muito para isso, adicionaram uma profundidade muito grande para a visão do humor. Acho que essa dupla leitura do jogo fará dele um novo paradigma para os gamers. Mas estou um pouco preocupado com a polêmica que possa causar no Brasil, de temas como sexo e religião. Isso também pode acontecer com o “Far Cry 5”.

Sim, por se passar nos Estados Unidos e tem um tom mais político e sombrio.
Bertrand: Sim, e foi uma coincidência, pois o jogo começou a ser desenvolvido bem antes das polêmicas da política de Trump ou de outros fatos que acontecem recentemente. Há poucos dias tivemos o atirador com mais de 50 mortos e ontem pela manhã fiquei sabendo que os Estados Unidos querem sair da UNESCO. O jogo coincidiu com toda essa tensão política do mundo atual.

Just Dance 2018 | Imagem: divulgação - Ubisoft

Hoje estamos na marca dos 118 milhões de unidades vendidas de Just Dance, e se você comparar com o mercado da música, é algo fantástico” – Bertrand Chaverot

Vamos agora para um assunto mais leve: “Just Dance 2018”, que já é um sucesso na apresentação da Brasil Game Show. Uma das novidades na nova versão do jogo é o modo Kids, que foca em coreografias indicadas para crianças abaixo dos 12 anos. O que difere esse modo das séries “Just Dance Kids” e “Disney Party”?
Bertrand: Embutimos no “Just Dance 2018” toda a experiência que tivemos no “Just Dance Kids” e “Disney Party”, tendo neste modo uma interface mais simples e coreografias mais voltadas para a faixa etária. Mas o “Just Dance 2018” foca em toda a família, inclusive nos pais, que querem se exercitar e queimar calorias diariamente, ao mesmo tempo em que montam suas coreografias preferidas. O “Just Dance” é um jogo para toda a família e o Brasil é o país dele. Eles gostavam muito, inclusive, do “Rocksmith”, nosso jogo de guitarra, mesmo sendo mais caro por causa da interface. É incrível como o brasileiro gosta de música.

Just Dance é um dos carros-chefe da Ubisoft e gera um grande envolvimento com o público, tanto do jogo em si quanto com o Just Dance Unlimited, que o mantém sempre interessante entre o espaço anual de lançamento da franquia.
Bertrand: Sim, o “Unlimited”, com 300 músicas, estará incluído nesta versão, com três meses de acesso gratuito.

Acompanhando a série desde a sua primeira experiência como um mini-jogo dos Raving Rabbids de Rayman até o mega sucesso que se tornou, qual elemento você define como o principal para o crescimento da série?
Bertrand: Não imaginava. Lembro-me quando o primeiro chegou à marca de vendas de um milhão. Na ocasião, falei para o diretor do estúdio que chegaríamos à casa dos dez milhões… Ele não queria acreditar. Hoje estamos na marca dos 118 milhões de unidades vendidas de “Just Dance”, e se você comparar com o mercado da música, é algo fantástico. Nos anos 1980, o álbum “Thriller”, de Michael Jackson, que era o mais vendido, chegou aos 26 milhões, e temos que considerar que um álbum é um produto mais barato. Neste caso, é um produto que custa mais de 150 reais e que chegou em oito anos aos 118 milhões de unidades vendidas! É uma nova dimensão a partir da música. É a tecnologia levando outro mercado a um novo patamar.

Skull & Bones | Imagem: divulgação - Ubisoft

Skull & Bones tem um time excelente que busca reinventar o conceito de jogos de piratas. Estamos usando todo o tempo e talento necessários para buscar esse objetivo” – Bertrand Chaverot

Já sobre o futuro, além dos próximos lançamentos que chegam ao mercado, existe uma grande expectativa para o game “Skull & Bones”, que mesclará piratas, mundo aberto e tática. O que podemos esperar dele?
Bertrand: Sim, logo estará em beta. Ele tem um time excelente que busca reinventar o conceito de jogos de piratas. Estamos usando todo o tempo e talento necessários para buscar esse objetivo, com novos modos e jogabilidade e tecnologias. Essa é a filosofia da Ubisoft. Também teremos o nosso jogo de corrida, “The Crew 2”, que é de múltiplos veículos e abrange avião, barco e moto, e foi anunciado para março. Ele está ótimo.

Você trabalha para a Ubisoft há décadas e acompanhou um período ruim para mercado dos games, principalmente de PC, que teve um período um pouco complicado por causa do alto volume de downloads ilegais, fator esse que de certa forma foi contornado através de plataformas de distribuição digital como Steam e o a própria Uplay. O quanto importante é esse formato de negócios para Ubisoft?
Bertrand: Para você ter uma ideia, 2017 será o primeiro ano no qual as vendas digitais superarão as físicas no Brasil, ultrapassando um pouco os 50%. É muito bom para nós, pois gera uma relação mais próxima com o consumidor, para medirmos com mais precisão o que gostam. O varejo precisa ser reinventado e estamos investindo em produtos licenciados, como bonés e camisetas, que não podem ser consumidos por download.

Para saber mais sobre os novos lançamentos e catálogo da Ubisoft, acesse: www.ubisoft.com/pt-br.

Just Dance na Brasil Game Show 2017: sucesso absoluto no estande da Ubisoft | Foto: Ricardo Campos
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