Ex-Danger Danger fala sobre seu atual momento, da paixão pelos Beatles e o passeio com Uli Jon Roth

Andy Timmons | Foto: divulgação

Andy Timmons, guitarrista conhecido pela trajetória ao lado do Danger Danger, é um daqueles músicos que considera um pecado mortal ficar em casa descansando. Apesar de agora passar mais tempo com a família, ainda produz muito com a ATB (Andy Timmons Band) e acaba de iniciar mais um projeto, o GuitarXperience.net.

“A ideia inicial era oferecer aulas de guitarra de uma forma descontraída, mas acabou sendo bem mais do que isso”, contou. “Todo mês eu escolho alguma música da minha carreira e toco na frente da câmera para quem estiver assistindo. Depois, falo sobre todos os aspectos dela durante uma hora. Equipamento usado, a ideia por trás, transcrevo nota por nota tanto em tablatura como em partitura, e aí mostro como tocar. Esse conteúdo é novo a cada mês.”

Os usuários cadastrados também têm direito a conhecer um pouco da carreira de Timmons através da galeria de fotos e vídeo. “São muitas pessoas que encontrei e pensei que, em vez de escrever uma legenda, seria legal me gravar contando a história da foto. Já fiz sobre Ringo Starr, Steve Lukather (Toto), B.B. King… São histórias sobre as pessoas na foto, o que elas significam para mim e o contexto em que as conheci. Há centenas de vídeos, também”, explicou. “Imagens de estúdio, desde o Danger Danger até mais recente. Ao vivo com os Beach Boys e uma banda cover dos Beatles no Japão. E as pessoas podem mandar perguntas que eu respondo para elas em vídeo.”

Andy Timmons Band - "Theme From a Perfect World"

Na música instrumental a guitarra é o vocalista. Minha abordagem é a mesma para ambas. É legal ter a opção de ser virtuoso, mas prefiro uma boa música pop” – Andy Timmons

Falando em Ringo Starr e Beatles, o guitarrista não esconde e faz questão de falar com orgulho sobre sua paixão pelo quarteto de Liverpool. “É uma paixão que vem pela minha vida inteira. Minha primeira memória musical é o solo de guitarra de ‘I Saw Her Standing There’. Meu irmão era 12 anos mais velho do que eu e estava naquela idade exata de se comprar discos. Ele comprava todos os singles dos Beatles e também Dave Clark Five, Kinks, Herman Hermits, Yardbirds, Animals, tudo relacionado à Invasão Britânica. Então, primeiramente a música principal que eu ouvia eram os Beatles. Foi minha base e nunca mais houve nada igual.”

A base é tão sólida na carreira que, em 2011, o músico resolveu lançar uma versão do icônico “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band” só instrumental, intitulado “Andy Timmons Band Plays Sgt. Pepper’s”. Por uma dessas coincidências da vida, a música que plantou a ideia na cabeça de Timmons é exatamente a mesma que deu o pontapé inicial na gravação do álbum original. “Começou com uma versão que fiz de ‘Strawberry Fields Forever’ e estava tocando ao vivo em uma turnê pela Itália. Meu tour manager notou que toda vez que a tocávamos o público enlouquecia. Sugeriu que quando voltasse, tocasse uma noite inteira de Beatles. Eu neguei porque achei que não conseguiria”, recordou. “Porém, aquilo me deu uma ideia e comecei a pensar em arranjos para outras músicas só para estudar.”

Como guitarrista do Danger Danger, Timmons teve que compor para dois vocalistas diferentes, em duas fases distintas da banda de hard rock. Uma para Ted Poley, outra para Paul Laine. Agora, ele compõe música instrumental, mas não sente tanta diferença. “O objetivo final é igual: criar música que você gostaria de ouvir. Tentar criar algo que adore quando terminar. Vendo por esse lado é a mesma coisa, mas na música instrumental a guitarra é o vocalista. Minha abordagem é a mesma para ambas, deve haver uma ótima melodia. É legal ter a opção de ser virtuoso, mas prefiro uma boa música pop a um festival de virtuosismo.”

Andy Timmons | Foto: Simone Cecchetti

Para mim essa palavra (nerd) quer dizer que você é um apaixonado por algo. Guitarristas sempre precisam de mais um pedal. Todos eles estão sempre buscando o melhor timbre” – Andy Timmons

Timmons admite ser um nerd por guitarras e vários outros assuntos, mas sua paixão pelo instrumento é tanta, que até ajudou no desenvolvimento de um pedal da empresa Exotic Sound, que o batizou de Andy Timmons BB pre-amp. “Para mim essa palavra (nerd) quer dizer que você é um apaixonado por algo. Guitarristas sempre precisam de mais um pedal. Todos eles estão sempre buscando o melhor timbre, que normalmente está em nossa cabeça. É como uma coleção dos melhores timbres que você já ouviu, seja Jimi Hendrix, Steve Ray Vaughn, Eric Johnson, Jeff Beck e todos que tiveram timbres fenomenais”, observou. “De alguma forma, ficamos correndo atrás disso e nunca conseguimos atingir. É por isso que aparecem esses pedais. E é uma coisa divertida. Nesse estágio da minha carreira, tenho muita sorte de algumas empresas se interessarem por trabalhar comigo, não só me oferecendo equipamentos, mas também me dando liberdade para desenvolvê-los. Foi assim que a relação com a Exotic Sound começou”.

Outro grande momento dessa fase mais recente da carreira aconteceu quando fez parte da “Ultimate Guitar Experience“, em 2016, ao lado de Uli Jon Roth e Jennifer Batten. O ex-guitarrista do Scoprpions causou espécie em Timmons. “Vou dizer uma coisa: foi o mais próximo que cheguei de ficar ao lado de Jimi Hendrix. É autêntico. A melhor definição é que ele é um ‘hippie alemão’. Tem aquela precisão germânica, mas parece um hippie americano, no sentido de que tudo é filosófico, desencanado e amor. Adorei-o como pessoa, é um ótimo cara.”

Andy Timmons | Foto: divulgação

Sou um grande fã de Kiss. O primeiro show que fui foi na turnê de ‘Destroyer’; aprendi a tocar guitarra com o ‘Alive!’ e todos os álbuns até ‘Alive II'” – Andy Timmons

Adorou tanto, que até serviu como guia turístico dele na cidade natal do maior ídolo do alemão. “Uma das minhas memórias mais legais é que tivemos um dia de folga em Seattle e quis levá-lo para ver a exposição de Jimi Hendrix no Experience Museum (N.T.: o EMP, Experience Music Project é uma das principais e mais interessantes atrações turísticas de Seattle e possui uma parte dedicada exclusivamente a Jimi Hendrix). Ele concordou em ir e eu chamei um Uber para nos levar, porque era o responsável pelo transporte naquela tour! (risos) Bem, quando fomos ver a guitarra de Woodstock, Uli diz: ‘Já vi essa guitarra antes’. O que aconteceu é que Jimi havia usado a mesma em seu último show em Fehmarn, na Alemanha, e Uli estava lá. Foi como uma reunião espiritual, muito legal. Agiu como fã, como todos nós somos. Especialmente daquela guitarra, que é icônica para qualquer guitarrista. ‘Eu o vi colocá-la no case, depois de tocar’, ele disse.”

Além de Uli Roth, Timmons teve o privilégio de participar de uma sessão com Paul Stanley. “Sou um grande fã de Kiss. O primeiro show que fui foi na turnê de ‘Destroyer’; aprendi a tocar guitarra com o ‘Alive!’ e todos os álbuns até ‘Alive II’. Fizemos umas demos em Nova York. Tínhamos feito nossa primeira tour com eles em 1990, quando divulgavam ‘Hot In The Shade’, o que foi um sonho realizado para um garoto que jamais pensou em sair de Evansville, Indiana, quanto mais abrir para o Kiss. Éramos nós [Danger Danger] e o Slaughter. Depois, Winger entrou no nosso lugar. Enfim, o que eu me lembro é que Paul queria compor algo para Rod Stewart.”

Porém, não foi exatamente ser fã de Kiss e ter aberto os shows de uma tour que permitiram que Andy participasse de uma sessão. Afinal, nessa vida, é sempre importante ter contatos. “Um amigo meu de Nova York, chamado Bob Held, é baixista, produtor e compositor. Ele é muito próximo de Paul Stanley e foi uma das razões por termos conseguido aquela turnê. A música em que trabalhamos era muito legal, com Paul tocando um violão de 12 cordas, mas nunca consegui uma cópia para mim.”

Andy Timmons | Foto: Simone Cecchetti
Andy Timmons | Foto: Simone Cecchetti

Transcrito e traduzido por Carlo Antico.

Ouça o Rock Talk With Mitch Lafon, da The Jericho Network:

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