Lançamento da Netflix apresenta elementos fiéis aos clássicos da franquia de games e é um alívio aos fãs da eterna luta da família Belmont contra as hordas de Drácula

Castlevania, a série animada para Netflix | Imagem: divulgação - Netflix
Castlevania, a série animada para Netflix | Imagem: divulgação - Netflix

Assisti aos quatro episódios da série animada Castlevania, lançada pela Nexflix na última sexta-feira, 7, de uma vez só e já conto os minutos para a nova temporada. Sim, já está renovada e chega no próximo ano com o dobro de capítulos.

Castlevania sempre foi a minha série de games favorita. Joguei todos, desde o primeiro, na época em que foram lançados em cada console. Meu favorito (tanto da franquia quanto dos games no geral) era “Castlevania III: Dracula’s Curse”, de 1989 (no Japão e no ano seguinte nos EUA), para o NES. Nele, Trevor Belmont, um antepassado do herói dos dois primeiros (Simon Belmont), adentrou o castelo de Drácula e travou uma batalha ao lado dos companheiros Grant Danasty, Sypha Belnades e Alucard, o filho do próprio vilão.

Já no início da minha vida adulta, em 1997, saiu para o Playstation “Castlevania: Symphony Of The Night”. Este trouxe Alucard de volta à franquia e o colocou no centro da trama, deixando o Belmont em questão, Richter, como coadjuvante. Além de redefinir o filho do Drácula visualmente (em “Dracula’s Curse”, assim como o pai, adotava o visual vampiro de filmes dos anos 50 a 70 a lá Christopher Lee) e em personalidade, este game elevou o título a um novo patamar. Assim, empatou com o meu querido da juventude, tanto como melhor Castlevania como no ranking geral. E não foi apenas para o meu gosto, já que esse é considerado um dos melhores games já feitos, em levantamento baseado em quase 100 listas, inclusive GameRankings e Metacritic.

"Castlevania III: Dracula's Curse" | Imagem: divulgação - Konami
"Castlevania III: Dracula's Curse" | Imagem: divulgação - Konami
"Castlevania: Symphony of the Night" | Imagem: divulgação - Konami
"Castlevania: Symphony of the Night" | Imagem: divulgação - Konami

Para a minha felicidade, a série Castlevania da Netflix tem como base justamente “Dracula’s Curse” e “Symphony Of The Night” – não é lindo isso? Sim, mas antes de falar diretamente dela, precisamos abordar mais uma coisa: a trilogia “Lords of Shadow”, os mais recentes títulos. Atenção, o parágrafo a seguir é a única parte que contém spoilers (e são sobre os jogos, não a série).

Em “Lords of Shadow”, a Konami teve a “genial” ideia de tirar parcialmente as rédeas das mãos dos japoneses (cartão vermelho para Koji Igarashi, responsável por muitos games Castlevania) e deixou o desenvolvimento a cargo da espanhola MercurySteam. Resultado? Resolveram reinventar a roda, fizeram um reboot e detonaram com a cronologia e os personagens da série, colocando Trevor e Alucard como a mesma pessoa. Para piorar, criaram a origem do Drácula na figura de Gabriel Belmont, ao invés de Vlad III (ou Vlad, o Empalador), Príncipe da Valáquia. Não me interprete mal, “Castlevania: Lords of Shadow” (2010), ” Castlevania: Lords of Shadow – Mirror of Fate” (2013) e “Castlevania: Lords of Shadow 2” (2014) são jogos muito bacanas e me renderam muitas e ótimas horas de diversão, mas a história recontada os torna verdadeiros sacrilégios para a franquia. Cheguei a temer pelos futuros lançamentos, ou até mesmo a ausência deles. Tudo isso é para falar que quem teve o primeiro contato nessa trilogia vai boiar na série, pois a franquia foi retomada no formato original.

Esta produção da Netflix foi encabeçada por Adi Shankar e teve história feita por ninguém menos que Warren Ellis, lendário escritor de histórias em quadrinhos e graphic novels, com a consultoria de Koji Igarashi. O foco e personagens centrais são todos baseados em “Dracula’s Curse”, mas com a origem de Alucard e sua mãe, Lisa, como narrada em “Symphony Of The Night”.

Drácula na série animada Castlevania | Imagem: reprodução - Netflix
Drácula na série animada Castlevania | Imagem: reprodução - Netflix

Muito bem escrita, ilustrada e animada, a história abordada nesses quatro episódios é ambientada durante o Século XV na Valáquia, província histórica da Romênia, e conta a ira de Drácula causada pela Igreja Católica (a grande vilã até o momento, algo que diverge um pouco de “Dracula’s Curse”), causando o encontro entre os três heróis Trevor Belmont (Richard Armitage), Adrian Tepes (o Alucard, na voz de James Callis) e Sypha Belnades (Alejandra Reynoso). O pirata/acrobata Grant Danasty foi deixado de fora, pelo menos até agora, mas, em compensação, os protagonistas estão com o passado muito bem explorado.

Tudo é bem fiel à série, principalmente para quem gosta de detalhes e referências, e a visão peculiar de Ellis caiu como uma luva para adicionar ainda mais profundidade e caos ao contexto geral. Fica apenas um porém para certos momentos à la Jack Sparrow de Trevor, que, ao meu ver, adicionam uma aura cômica interessante ao protagonista, mas descaracterizam um pouco a personalidade dele. Se não exagerar na outra temporada até passa batido.

A música, elemento chave na franquia dos games, é a única derrapada feia, de fato, na série animada. Além de deixarem de lado temas clássicos de Kinuyo Yamashita, Satoe Terashima, Kenichi Matsubara, Kouji Murata, Hidenori Maezawa ou Michiru Yamane, ainda investiram muito pouco no quesito, o tornando apenas “texturas sonoras” nada marcantes. Zero. A música é um dos pilares de Castlevania e essa ausência foi realmente sentida.

Sypha, Trevor e Alucard | Imagem: reprodução - Netflix
Sypha, Trevor e Alucard | Imagem: reprodução - Netflix

Em resumo, após mais de uma década de frustrações, primeiro com o filme que nunca foi para frente e depois com “Lords of Shadow”, Castlevania voltou aos trilhos de uma forma positiva. Já é um sucesso na Netflix e a Konami manifestou recentemente o desejo de trabalhar em um novo game. Em paralelo, Koji Igarashi dá os retoques finais de “Bloodstained: Ritual of the Night”, tido como o “sucessor espiritual” de “Symphony Of The Night”, apesar de não ter ligação direta com a franquia (saiba mais aqui).

Fãs de Castlevania, vamos comemorar e curtir, pois tudo indica que entramos em uma nova época de ouro. Assim seja.

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