The National em noite de catarse coletiva para sideshow do Lollapalooza

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O aguardado retorno do The National ao palco do Circo Voador uma grande recompensa

Fotos: Alexandre Cavalcanti

The National e Spoon
22/03/2018, Circo Voador, Rio de Janeiro/RJ

Casa cheia, noite chuvosa, ânimos elevados e expectativa de bons shows formaram a recepção aos texanos de som e visual britânicos. Quem não conhecia o Spoon se deparou com um quinteto animado e afiado. A abertura com “Do I Have to Talk You Into It” deu o tom da apresentação: grooves com texturas retrô, criados nos teclados e desenvolvidos na bateria e baixo sincopados.

Com mais de 20 anos de estrada – a banda é do longínquo 1994 –, o grupo desfilou seu repertório com desenvoltura. Se não cantava todas as canções, o público participava com gritos de incentivo e dançando como dava, já que o Circo Voador estava quase lotado. As deliciosas “I Turn My Camera on” e “Do You” empolgaram e arrancaram belas cantorias.

Spoon | Foto: Alexandre Cavalcanti
Spoon | Foto: Alexandre Cavalcanti

O excelente “Hot Thoughts” (2017) emprestou quatro canções como base para a apresentação, o que não os impediu de surpreender com um inusitado cover de David Bowie: “Ashes to Ashes” trouxe ao palco Matt Berninger, vocalista do The National, para delírio do público, que o ovacionou e mostrou quem era o dono da noite. “Esta é a primeira vez que tocamos essa música”, disse um animado Britt Daniel, vocalista e guitarrista. Tudo bem, o público sabia cantá-la. E o fez numa bela homenagem ao camaleão do rock.

O quinteto – completado por Jim Eno (bateria), Rob Pope (baixo), Alex Fischel (teclados e guitarra) e Eric Harvey (teclados, guitarra e vocais) – se despediu com “The Underdog” (de “Ga Ga Ga Ga Ga”, 2007) e “Rent I Pay” (“They Want My Soul”, 2014). Se falta mais reconhecimento aos texanos, sobram qualidade e boas músicas. Uma ótima apresentação.

Britt Daniel (Spoon) | Foto: Alexandre Cavalcanti
Britt Daniel (Spoon) | Foto: Alexandre Cavalcanti

1. Do I Have to Talk You Into It
2. Inside Out
3. I Turn My Camera on
4. Don’t You Evah
5. Do You
6. Hot Thoughts
7. Ashes to Ashes
8. I Ain’t the One
9. Can I Sit Next to You
10. My Mathematical Mind
11. Got Nuffin
12. The Underdog
13. Rent I Pay

O aguardado retorno do The National ao palco do Circo Voador levou sete anos para acontecer. E foi mais do que bem recompensado. Matt Berninger (vocal), os gêmeos Bryce e Aaron Dessner (guitarra e piano), Bryan Devendorf (bateria) e Scott Devendorf (baixo e vocais) – mais os músicos de apoio Ben Lanz (trombone e sintetizador) e Kyle Resnick (trompete e vocais) – levaram o belíssimo e premiado “Sleep Well Beast” (2017) para a Lapa. Vencedor do Grammy de melhor álbum de música alternativa, o trabalho formou a base do show. Foram nada menos do que oito canções. No palco, uma projeção com a capa do álbum sinalizava a ênfase.

Em sequência, o grupo introduziu quatro novas canções, provocando o início de duas horas de muita cantoria. Carregada apenas pelo piano, “Nobody Else Will Be There” apresentou a melancolia que adorna os trabalhos do grupo. Depois, hora de animar um pouco com “The System Only Dream in Total Darkness” e seu início à la Tears for Fears, e o “I can not explain it any other, any other way” (“Não posso explicar de outra forma”) ecoou forte.

A música do The National percorreu um longo caminho de Ohio até Nova York – para onde a banda se mudou. Se em seus primeiros registros a banda estava mais para um indie rock genérico, a partir do excelente “The Boxer” (2007) a sonoridade ganhou personalidade e novos caminhos foram bem explorados. No mais recente, utilizaram elementos eletrônicos, adicionando mais beleza às suas paisagens sonoras. Caso de “Guilty Party” e sua batida diferente. O que em estúdio fica sugerido, ao vivo ganha cor. O crescendo encerramento envolve e emociona na medida certa, sem apelar a melodramas ou soluções fáceis.”

The National | Foto: Alexandre Cavalcanti
The National | Foto: Alexandre Cavalcanti

Emoção foi o que não faltou. Trocaram matizes e sobraram olhos marejados, braços estendidos para o alto numa espécie de redenção. “Don’t Swallow the Cap” e “Bloodbuzz Ohio” aumentam as reações em avermelhados e vívidos contornos até desembocar em “I Need My Girl”, de tom azulado e dedilhado etéreo. A folk “Wasp Nest” aprofundou a sensação melancólica, mas é de tanta beleza que suplanta a possibilidade de tristeza.

Com seu jeitão de Michael Stipe contido, Berninger foi carismático como pode ser alguém parecido com professor de literatura de algum filme independente, não como o cantor de uma das mais respeitadas bandas da atualidade. Tudo jogado fora com a performance ensandecida de “Turtleneck”, música com mais guitarras e de acento mais próximo ao rock tradicional. Foi um sacolejo na calmaria azulada. Emocionado pela recepção calorosa, o cantor brincou ao dizer que voltaria ao Circo Voador na semana seguinte, pergunta se poderia fazer uma residência do The National na casa, tal como é hábito em Las Vegas. Não seria má ideia, Matt.

Mas o excesso de músicas mais lentas – “Slow Show”, “Pink Rabbits”, “Fake Empire” e “About Today” – provocou certo ar de cansaço em parte do público. “Day I Die”, no meio das quatro, quebrou um pouco essa dinâmica e teria sido a melhor opção para encerrar a primeira parte do show. Depois de um breve intervalo para uma ida coletiva ao banheiro, segundo o cantor, o The National retornou com a singela “Carin at the Liquor Store” como se para manter o clima de antes da pausa.

Mas foi “Mr November” que deu cara de êxtase final, com Berninger cantando no meio do público. “Terrible Love” manteve os ânimos elevados para o belíssimo fim com “Vanderlyle Crybaby Geeks”. Músicos enfileirados lado a lado, guitarras substituídas por violões, trumpete e trombone a postos e o microfone principal virado para o público. Sim, era dele que sairiam os versos da música. O cantor regeu sem que a sua voz fosse amplificada e sacramentou a comunhão entre audiência e The National. Um encerramento ditado pela miríade de vozes desconhecidas e afinado pela emoção.

1. Nobody Else Will Be There
2. The System Only Dreams in Total Darkness
3. Walk It Back
4. Guilty Party
5. Don’t Swallow the Cap
6. Bloodbuzz Ohio
7. Squalor Victoria
8. I Need My Girl
9. Wasp Nest
10. Empire Line
11. Turtleneck
12. Slow Show
13. Pink Rabbits
14. Day I Die
15. Fake Empire
16. About Today
17. Carin at the Liquor Store
18. Mr. November
19. Terrible Love
20. Vanderlyle Crybaby Geeks

Aaron e Bryce Dessner (The National) | Foto: Alexandre Cavalcanti
Aaron e Bryce Dessner (The National) | Foto: Alexandre Cavalcanti
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