“Got Newz”, mais recente álbum do King Bird, explorou outras tendências do hard rock, deixando para trás o estigma de “rock sentista”

King Bird | Foto: Pati Patah

A expectativa em torno de “Got Newz”, primeiro trabalho com o novo vocalista, Ton Cremon, era grande. Afinal, o timbre à la Ronnie James Dio de João Luiz (atual Casa das Máquinas e Golpe de Estado) era visto como peça fundamental na sonoridade calcada no hard rock e southern dos anos 70. Mais que apenas obter êxito, o novo trabalho do King Bird, hoje formado por Ton Cremon (vocal e guitarra), Silvio Lopes (guitarra), Fábio Cesar (baixo) e Marcelo Ladwig (bateria), não só obteve êxito como vem sendo apontado como o melhor da carreira, iniciada em 2003 com o EP “The Gods’ Train”. O sucessor do álbum “Sunshine” (2008) e do EP “Beyond The Rainbow” (2012) conseguiu chamar a atenção até mesmo no exterior, tendo sido apontado como um dos melhores de 2016 pela Rock Hard da Grécia. Não é pouco, mas eles querem mais, como o baterista Marcelo Ladwig contou ao ROCKARAMA.

A entrada de Ton Cremon resultou em um som mais abrangente, pois, mesmo mantendo as mesmas características do hard, southern e metal dos anos 70, “Got Newz” traz uma pegada diferente, com elementos do hard rock dos anos 80 e 90. Três anos após esta mudança de vocalista, que para muitos grupos é algo traumático, como analisam o trabalho ao lado de Cremon?
Marcelo Ladwig: Sim, havia essa preocupação com a entrada do Ton na banda, mas no fim das contas o entrosamento foi imediato e muito natural. Ele já conhecia e curtia o trabalho da banda, e nós idem em relação ao trabalho dele. O mais legal foi que sentimos que a banda continuou evoluindo com a entrada dele.

Esta inclinação ao hard rock dos anos 80 e 90 tem alguma ligação com o trabalho do produtor Henrique Baboom ou surgiu naturalmente no processo de composição?
Ladwig: Na verdade, surgiu naturalmente no processo de composição das músicas, mesmo antes de começarmos a trabalhar com o Baboom. Não foi algo intencional, as ideias e arranjos que foram rolando. Claro que como ele também se identifica muito com esse estilo e essa época, isso colaborou muito em todo processo de captação, timbragem e mixagem.

Álbum "Got News", de 2016

Estamos comemorando 15 anos de banda e sempre buscamos a evolução do nosso trabalho, desde o processo de composição, assim como execução e produção” – Marcelo Ladwig

A receptividade para “Got Newz”, que foi apontado por muitos como o melhor trabalho da banda e obteve bom respaldo inclusive no exterior, superou as expectativas de vocês?
Ladwig: Superou sim. Esse ano estamos comemorando 15 anos de banda e claro que sempre buscamos a evolução do nosso trabalho, desde o processo de composição, assim como execução e mesmo produção dos trabalhos em estúdio. Mas a repercussão de “Got Newz” realmente nos impressionou bastante.

Vocês se acostumaram a ter convidados especais nos álbuns e, no mais recente, “The Road You Ride” apresenta Nando Fernandes, enquanto “Years Gone By” e “Freeze Frame My Life” contam com Rodrigo Hid no Hammond. Quando as músicas são criadas vocês têm em mente quem vai participar ou isso é tratado quando estão em estúdio gravando?
Ladwig: Normalmente a gente começa a pensar nas participações mais quando entramos em estúdio mesmo, principalmente em relação a outros instrumentos, como o Hammond. A gente começa a sacar em que músicas ficaria legal, aí também pensamos em quem seria legal convidar. O lance com o Nando acabou pintando pela amizade que ele tem com o Ton. Essa música já tinha a colaboração do Humberto Zambrin (AttracthA) na letra e a melodia de voz ainda estava sendo trabalhada, aí acabou rolando essa parceria do Nando com o Ton.

Para “Got Newz”, o conceito da arte de capa foi concebido pela banda e passado a Emerson Russo ou ele teve liberdade criativa a partir do título do disco? Por falar em título, vocês abandonaram a ideia de chamar o novo disco de “ReBird” por causa de “Rebirth” do Angra mesmo?
Ladwig: (risos) Essa história do ‘ReBird’ é coisa da cabeça maluca do Silvio Lopes. Nunca leve muito a sério o que ele fala, se você acompanhar os posts dele nas redes sociais vai entender a figura que ele é… (risos). Quanto a arte, foi um misto de ideias. A gente passou algumas ideias, algumas possibilidades, mas foi o Emerson Russo quem trouxe a ideia final – aliás, bem legal… Aí a gente aproveitou essa mente perturbada do Silvio para colocar alguns elementos por ali… Tem uns “easter eggs”, como dizem os gamers, se você prestar atenção.

King Bird | Foto: Pati Patah

Somos músicos, precisamos tocar e então vamos fazendo nossos trabalhos paralelos, mas sempre mantendo o foco e a prioridade no trabalho autoral do King Bird” – Marcelo Ladwig

“Got Newz” foi lançado em formato físico (CD) e também consta nas plataformas de streaming, mas vocês pretendem lançar algum material em vinil?
Ladwig: Cara, a gente realmente está pensando em lançar o “Got Newz” em formato vinil. Até hoje nenhum de nós da banda teve essa oportunidade de lançar um trabalho em vinil, mas todos crescemos curtindo lançamentos em vinil. É…. A gente não é muito novinho não… (risos) Pela receptividade que esse álbum teve, incluindo essa arte bem legal que ele tem, achamos que seria legal lançar. Quem sabe, em breve… Seria mais um sonho realizado para todos nós!

O ex-vocalista do King Bird, João Luiz, agora faz parte do Golpe de Estado e do Casa das Máquinas e vocês trabalharam com o falecido guitarrista Hélcio Aguirra (Golpe de Estado, Harppia) em “Jaywalker”. Como veem esta ligação do King Bird com bandas pioneiras do rock pesado brasileiro, visto que você integrou o Salário Mínimo por um período e o baixista Fábio Cesar também está no Casa das Máquinas?
Ladwig: É muito gratificante estarmos sempre ligados a essas grandes bandas do rock nacional. Como citei, já temos também 15 anos de estrada e esse contato e participações de caras como Hélcio Aguirra, que sempre foi um ídolo pra gente, além de uma honra também, sempre foram oportunidades para aprendermos com quem está na estrada há mais tempo que a gente.

Muitos músicos e fãs se digladiam na questão de banda autoral versus cover, mas vocês têm diversos trabalhos paralelos nesse sentido, tocando em tributos a Dio, The Cult, Led Zeppelin, Creedence Clearwater Revival e Deep Purple. Como analisam esta questão e este embate infindável?
Ladwig: Ah, bicho, a gente sempre achou que o ponto seria o equilíbrio. Deveria ter espaço para todo mundo, mas infelizmente não tem sido assim. Só que somos músicos, precisamos tocar e então vamos fazendo nossos trabalhos paralelos, mas sempre mantendo o foco e a prioridade no trabalho autoral do King Bird. Agora, se a gente for começar a discutir esse tema essa entrevista vai ficar pequena para o assunto (risos).

O importante é a gente não perder o foco de continuar evoluindo (…) Se conseguimos fazer um grande álbum, agora temos que acreditar que o próximo ainda vai ser melhor!” – Marcelo Ladwig

Vocês fizeram um grande show de lançamento no SESC Belenzinho (SP) em setembro de 2016, que originou um vídeo ao vivo de “Daybreak”, mas não estão tocando tanto para promover “Got Newz”. A agenda de compromissos com outras bandas dos integrantes é o principal problema?
Ladwig: Na verdade, o problema não tem sido esse não. Pelo que temos visto, inclusive em contato com outras bandas e produtores, o momento econômico do país tem sido um ponto negativo, fechando algumas portas que tínhamos. Estamos também nos focando mais em qualidade que quantidade, estamos contentes em fazer parte do casting do “Caragua Extreme Fest”, que acontece agora dia 8 de julho ao lado das bandas Ancesttral e Torture Squad, que são grandes brothers e companheiros de estrada.

Depois do vídeo ao vivo de “Daybreak” e do webclipe de “Doomsday”, existem planos para o lançamento de um novo clipe?
Ladwig: Sim, já temos mais dois clipes “no forno” e planos pra mais alguns. Aguardem…

Passado um ano do lançamento de “Got Newz”, quais os próximos passos na carreira da banda? Como fazer para superar um disco que foi tão bem recebido?
Ladwig: O importante é a gente não perder o foco de continuar evoluindo, tem que ser algo natural. Se conseguimos fazer um grande álbum, agora temos que acreditar que o próximo ainda vai ser melhor! E, quem sabe, planejar alguma trabalho registrado ao vivo… Achamos que os fãs já estão esperando por isso. Muito obrigado ao ROCKARAMA por esse espaço e pelo apoio ao nosso trabalho. Valeu!

Silvio Lopes, Fábio Cesar, Ton Cremon e Marcelo Ladwig, formação que registrou "Got Newz" (2016) | Fotos: Pati Patah
Silvio Lopes, Fábio Cesar, Ton Cremon e Marcelo Ladwig, formação que registrou "Got Newz" (2016) | Fotos: Pati Patah

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